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Em Milão, Paris, Londres, Nova Iorque foram reveladas as principais tendências, mas o essencial parece que “está fora de moda”: pouco ou nada se falou sobre sustentabilidade, mesmo sabendo que, tal como o preto, o tema nunca compromete.

A exceção vem da Dinamarca. A Copenhagen Fashion Week, que decorreu ainda em agosto, apresentou-se com linhas de sustentabilidade, valorizando materiais mais verdes, e desfilou sem plástico e com a cor da estação (ou estações), a reutilização.

A organização está comprometida com a Carta Ética da Moda Dinamarquesa e apenas as marcas que cumprem vários requisitos de sustentabilidade é que podem desfilar, como por exemplo:

  • Escolha inteligente de materiais que possam ser reparados, reciclados ou reutilizados;
  • Contratações que promovam a inclusão e diversidade;
  • Pelo menos 60% da coleção deve ser certificada;
  • Não é permitido o uso de embalagens de plástico descartável.

Critérios que fazem a diferença e que passam uma importante mensagem vinda de um setor que, muitas vezes, é visto como um exemplo pelos mais jovens. E porquê? Bastam três dados para responder:

  1. A nível mundial, a indústria têxtil é responsável por cerca de 8% a 10% das emissões globais de gases de efeito de estufa;
  2. Na União Europeia, a compra de roupa gerou 654 kg de emissões de CO2 por pessoa, totalizando 121 milhões de toneladas;
  3. Em Portugal, a moda é o segundo maior consumidor e poluente da água, com processos de produção que emitem CO2 e outros gases de efeito estufa.

Há muito que a indústria portuguesa lidera a nível mundial, devido à resiliência e inovação constantes dos nossos empresários. O setor é pujante, virado quase na totalidade para a exportação, que representou 3.376 milhões de euros nos primeiros sete meses de 2024, e como tal, o tema da sustentabilidade não fica de fora desta equação de sucesso da nossa indústria. As empresas têxteis esforçam-se por otimizar processos, por utilizar recursos de forma eficiente, por apostar no desenvolvimento de novos materiais e, claro, na circularidade. Vejam-se os exemplos da Valérius 360, que transforma resíduos têxteis em novos produtos, e da Joaps que apresenta 90% da coleção classificada como sustentável.

A pergunta que deixamos é: para quando uma fashion week em Portugal totalmente comprometida com a sustentabilidade, como na Dinamarca? Com critérios bem definidos, rigorosos e ajustados à realidade de cada designer? A moda não deveria espelhar nas passerelles o esforço que a indústria já está a fazer?

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